Quem são os catequistas mártires do Guiúa?

São 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa, na Diocese de Inhambane, para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de Março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional. O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Benedito Penicela nasceu em Cocoene, Morrumbene, em 1944, filho de Penicela e Rossina

Baptizado aos 14 anos na paróquia de Santa Maria de Mocodoene, a 14 de Julho de 1958. Foi seu padrinho o professor Saturnino João Samo.
No seio de uma família sã e naturalmente boa, recebeu a primeira formação humana. Dos pais aprendeu a ser sincero, honesto, responsável, sensível para com os necessitados, sempre pronto para os ajudar. Na Escola Primária de Cocoane continuou a sua formação, terminando a 4ª classe elementar. Juntamente com as letras e os números, aprendeu também a Doutrina Cristã.
Casou com Isabel Foloco em Mocodoene, aos 20 anos, no dia 6 de Dezembro de 1964. Grande agricultor e alfaiate, foi um catequista responsável, dinâmico e bom organizador. Conheceu as dificuldades da guerra, durante cerca de oito meses, enquanto esteve sequestrado pelos guerrilheiros. Quando conseguiu regressar, retomou as tarefas pastorais e a experiência passada não o impediu de partir para o Guiúa, quando para isso foi designado pela sua comunidade. Uma testemunha refere que, antes de partir, terá afirmado: “Não recuso, porque Deus me escolheu e vou realizar o seu trabalho. Sou sua criatura. Sei que não voltarei, porque a pessoa não escapa duas vezes. Rezai por mim”. As suas palavras revelaram-se premonitórias. No ataque ao Centro, foi capturado e morto à facada, com ferimentos graves no pescoço e no abdómen, no dia 22 de Março de 1992.