Quem são os catequistas mártires do Guiúa?

São 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa, na Diocese de Inhambane, para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de Março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional. O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Catarina Sambula é oriunda de Machuquele-Vilankulo, onde nasceu a 2 de Março de 1965, filha de Sambula Murrombe e de Wassinifa Pechisso Boane

Catarina recebeu de seus pais, pertencentes à Igreja Metodista, a primeira educação, o amor à Bíblia, à oração e o gosto pelo canto litúrgico. Frequentou a Escola Primária de Machuquele até à 4ª classe elementar. Em 1983, com 18 anos de idade, fez a admissão à Igreja católica e aos 22 casou com Armando Duzenta, na paróquia de São José de Mapinhane, no dia 26 de Julho de 1987. Teve dois filhos, Azarias, nascido em 1986, e Cândida, nascida em 1991.
Foi sempre muito activa na sua comunidade, tendo sido responsável pelo Grupo Juvenil, monitora dos grupos de Promoção da Mulher e responsável paroquial da Comissão de Leigos e Famílias. A sua coragem e a firmeza da sua fé são reconhecidas e testemunhadas. Em tempo de guerra nunca hesitou em avançar para cumprir tarefas pastorais, mesmo correndo perigo de vida. Foi escolhida pela comunidade de Vilanculos para frequentar o curso de formação de catequistas no Guiúa, juntamente com o seu marido. Quando chamaram pelo seu nome, respondeu com determinação, apesar do contexto de guerra e da constante ameaça de perigo e insegurança.
No dia do ataque ao Centro, o seu marido Armando consegue fugir com Azarias, o filho mais velho. Catarina, porém, é raptada. Fortemente agredida no trajecto, junto à casa das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, é obrigada a abandonar no chão a sua filha Cândida, de apenas um ano de idade, que depois foi recolhida e entregue às irmãs religiosas. Morreu a golpes de baioneta no dia 22 de Março de 1992.