Quem são os catequistas mártires do Guiúa?

São 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa, na Diocese de Inhambane, para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de Março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional. O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Carlos Makuanane nasceu em Mukamba, perto de Tome, no Distrito de Funhalouro, Paróquia de Nossa Senhora da Consolata

Filho de uma família camponesa, cedo aprendeu a cultivar a terra. Frequentou a Escola Primária até à 6ª Classe, obtendo bons resultados. Durante a década de 80, trabalhou na AGRICOM, organismo estatal ligado à comercialização agrícola. Da sua primeira união matrimonial teve três filhos (Susana, Belarmino e Ângela) que foram acolhidos por Fátima Valente quando contraiu matrimónio católico com ela, em 27 de Maio de 1989, e de quem nasceu Juvêncio, o quarto filho.
Carlos revelava qualidades de liderança que motivaram à sua escolha para responsável da Paróquia de Nossa Senhora da Consolata de Funhalouro, que se encontrava sem padre residente. Depois da independência, em 1975, a Paróquia perdeu a equipa missionária residente, passando a ser assistida pela paróquia da Massinga. Funhalouro é uma região pouco habitada e semi-árida que sofreu muito com a guerra. A Renamo tinha importantes bases no seu território. Grande parte da população refugiou-se na vila, em Massinga.
Para melhor se preparar para a responsabilidade de coordenador da Paróquia de Funhalouro, Carlos Makuanane frequentou em 1991 na Paróquia da Massinga, juntamente com a sua esposa, um curso de catequistas de 90 dias. A ida para o Centro Catequético do Guiúa surge no sentido de completar a sua formação. Na noite do assalto, no dia 22 de Março de 1992, é imediatamente morto a tiro à saída da sua casa.