Quem são os catequistas mártires do Guiúa?

São 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa, na Diocese de Inhambane, para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de Março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional. O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Joaquim Marrumule nasceu a 10 de Fevereiro de 1939, em Massinga

Era filho de Marrumula Nyakutoe e Raci Bacela Nyassope.
Foi baptizado aos 17 anos, no dia 15 de Novembro de 1956, na paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Jangamo. Foi seu padrinho de baptismo o professor Paulo Chicubi. Um ano mais trade, a 1 de setembro de 1957, também em Jangamo, foi crismado pelo Cardeal D. Teodósio de Gouveia, Arcebispo de Lourenço Marques (Maputo).
Oriundo de uma família boa e trabalhadora, cedo começou a trabalhar, chegando a imigrar para Maputo, antes de se casar, aos 20 anos, na Paróquia de São João de Deus de Homoine, com Palmira Quezane Mapuiane, de quem teve 10 filhos.
O seu primeiro trabalho como líder de comunidade decorreu em Guissembe, Jangamo, apenas com 28 anos de idade. Seis anos depois imigra para Tete, trabalhando na construção da barragem de Cabora Bassa entre 1974 e 1975. Já depois da independência, emigra para a África do Sul e trabalha nas minas entre 1978 e 1986.
Não obstante as interrupções verificadas pelas saídas de trabalho, destacou-se sempre pelo zelo apostólico, pela animação da comunidade e pelo canto litúrgico. Durante a guerra refugiou-se em Cumbana com a sua família, sem nunca esquecer o acompanhamento da sua comunidade. As suas qualidades não passariam despercebidas, pelo que foi escolhido pelo Conselho de comunidade, juntamente com outro catequista, como candidato a frequentar o curso anual de formação de catequistas. Devido à guerra, o colega desistiu. Joaquim rumou ao Guiúa e, com ânimo forte, manteve-se firme, decidido a ajudar a sua antiga comunidade de Guissembe. No dia do ataque ao Centro, foi raptado juntamente com três dos seus filhos e foi morto à baioneta no dia 22 de Março de 1992. A sua mulher, Palmira Quezane Mapuiane, conseguiu fugir. Os três filhos raptados, regressaram a casa seis meses mais tarde.