Quem são os catequistas mártires do Guiúa?

São 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa, na Diocese de Inhambane, para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de Março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional. O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Verónica Sambula nasceu em Mavume, Massinga, em 1960

Nasceu no seio de uma família numerosa e pobre, de quem recebeu uma educação baseada nos princípios da moral tradicional. As dificuldades económicas da família levaram-na a procurar trabalho na Maxixe, aos 13 anos. Aí conheceu Paulo Saieta Kuniane. De acordo com as leis tradicionais do povo Mutshwa foi lobulada nesse ano de 1973, passando a residir na casa dos sogros, em Murure, paróquia de São José de Mapinhane, no distrito de Vilanculos. A partir de então, frequentou o catecumenado e foi baptizada aos 18 anos, no dia 28 de Novembro de 1978, e, no mesmo dia, contraiu matrimónio religioso. O casal teve cinco filhos.Não obstante o contexto de guerra, as comunidades da missão de São José de Mapinhane desenvolviam-se e a Igreja ia-se afirmando. Verónica foi eleita anciã da comunidade, juntamente com o seu marido Paulo. Em 1987, por causa da guerra, refugiou-se em Murure e aí foi escolhida para fazer parte do conselho de zona pastoral e responsável dos jovens, actividade para a qual Verónica tinha especial carisma. Quando havia ataques em tempo de guerra, punha-se corajosamente ao caminho, até mesmo durante a noite, para avisar os cristãos do perigo que corriam. Na Igreja e nos trabalhos da comunidade foi sempre muito activa, sobressaindo pelo seu zelo apostólico e a sua participação nas celebrações litúrgicas. Foram muitas as pessoas por ela preparadas para o baptismo, crisma e matrimónio.
Na noite do massacre, foi raptada e forçada, juntamente com o seu marido e filhos, a caminhar até ao local do martírio. Verónica foi assassinada a golpes de baioneta no dia 22 de Março de 1992.